sábado, 4 de julho de 2015

ProAC?

Graças à perspicácia da Gi Pausa Dramática, hoje vou corrigir uma falha neste blog: não há nada aqui explicando que negócio é esse de lançar livro com o apoio do ProAC. Eis minha experiência:

Todo ano a Secretaria de Estado da Cultura de São Paulo publica os editais do ProAC (Programa de Ação Cultural), oferecendo apoio financeiro para a realização de obras de literatura, teatro, dança, circo, etc.

Em 2010, inscrevi o projeto de Reino das Névoas no ProAC e ganhei uma das bolsas para publicação de livros. Não sei como estão as regras hoje, pois as coisas mudam a cada ano. Se você tiver interesse em participar desses editais, fique de olho no site da Secretaria da Cultura. (Em 2015 não teve edital de literatura, infelizmente! Mas quem sabe ano que vem?) Mas, na época, o procedimento era assim: preenchia-se uma ficha com informações sobre o livro, explicando, entre outras coisas, por que o autor achava que ele devia ser publicado; anexavam-se cópias dos documentos pessoais do autor, um orçamento dos serviços nos quais pretendia investir o dinheiro da bolsa e um cronograma de até seis meses do projeto, que poderia ser prorrogado por mais 90 dias, se necessário. Finalizava-se com uma amostra de 10 páginas prontas do material. Aí, era esperar e torcer para o seu livro estar entre os escolhidos (ao todo, 30, se não me engano).

O que se ganhava era uma bolsa de 15 mil reais para viabilizar a publicação do livro. Isso significa pagar pelos serviços estimados no orçamento: revisão, capa, diagramação, impressão, etc. Meu projeto foi selecionado. Finalizei o conto que ainda faltava, fiz as ilustrações, mandei para a revisão, depois para a diagramação. Mas produzo devagar e, claro, precisei pedir os 90 dias a mais, que o pessoal da Secretaria da Cultura concedeu. A equipe, aliás, foi sempre muito gentil e atenciosa ao me atender quando precisei tirar dúvidas.

Os ganhadores poderiam publicar da forma que quisessem, com uma editora ou por conta própria. Eu já tinha portas abertas para publicar: levei o livro (e a grana) à Tarja Editorial, editora para a qual trabalhei como capista e revisora, além de já ter participado de várias das suas antologias. Reino das Névoas foi terminado e lançado em 2011, no Fantasticon. A Tarja infelizmente encerrou as atividades de publicação alguns anos depois. Mas os livros do seu catálogo, inclusive o meu, ainda estão à venda na Livraria Fora de Série.

O valor de 15 mil pode parecer alto, mas na verdade foi só o bastante. Bancou a revisão, a diagramação, um book trailer e, claro, a impressão, que é a parte mais cara. Pude investir no book trailer (que, aliás, ficou lindo; olha aqui!) porque fiz pessoalmente a capa e as ilustrações de miolo. Não previ uma remuneração para mim, esperando ganhar posteriormente com os direitos autorais das vendas pela editora e das vendas diretas que faço até hoje. Sobraram uns 500 reais. 

Assim, a ideia do ProAC não é remunerar o autor pela escrita, como era o caso da Bolsa de Criação Literária da Funarte, mas dar a ele os meios de publicar seu livro.

A exigência do ProAc era que a tiragem mínima fosse de 1.500 exemplares e 300 destes fossem entregues à Secretaria da Cultura para distribuição em bibliotecas. Para uma editora pequena e uma autora iniciante, é uma tiragem grande. Por isso é que até hoje o livro não esgotou. :-)

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